terça-feira, 12 de abril de 2011

Príncipe (des)encantado

Era uma vez num reino não muito distante, uma moça chamada Katarina. Katarina gostava de pintar, trabalhava muito e tinha uma vida social agitada. Ela era diferente. O tipo de mulher a frente do seu tempo. O tipo de mulher que toda mulher quer ser. Inteligente, criativa, independente e bonita. Morava sozinha com uma gata chamada Regiane, desenhos e pinturas por todos os lados. Essa “moderninha”, como sua mãe costumava chamá-la, era muito sozinha também. Mesmo com todos os homens do mundo aos seus pés ela queria algo mais. Sabe aquele sonho de toda mulher? Aquele homem bonito, simpático, obstinado, inteligente, gentil e acima de tudo, um cavalo na cama? Ela só queria isso.

Um belo dia Katarina, sem nada para fazer, resolveu seguir o conselho de uma amiga e se inscreveu num site, daqueles onde as pessoas vão para buscar alguém especial. Cheia de medo ela ficou ali, sentada de frente para o computador, olhando para a tela pensando em qual dos nomes deveria clicar. “Tesudo”, “Gigante”, “69”, “Gostosão”... Mas um em especial chamou atenção. “Príncipe”. Quem não quer um príncipe? Ele poderia não ser um verdadeiro príncipe, mas só de clicar naquele nome, a magia já se fazia presente.

- Olá, seu príncipe!

Em poucos segundos, a resposta: - Olá! Quem é você, Branca de Neve?

Eles conversaram durante duas horas e Katarina se sentia nas nuvens. Aquele homem desconhecido, aquele mistério, aquele príncipe que poderia aparecer a qualquer momento num cavalo branco, a capa balançando com o vento e o cabelo loiro deslizando pela testa. Eles marcaram um encontro. E daí se era arriscado? Ele era um príncipe. O que poderia dar errado com um príncipe?

Katarina chegou antes, ansiosa ficou esperando por Felipe, essa era a alcunha da realeza. Depois de uma hora, Felipe chegou. Não veio num cavalo branco, mas trazia a capa nas costas. Felipe desceu do ônibus e instantaneamente todos no bar se voltaram para ele. Meio assustada, Katarina o cumprimentou. Ele muito eufórico não parava de falar e Katarina não parava de olhar para ele. Sem muita explicação, Felipe colocou um tapeware sobre a mesa e o ofereceu à Katarina com um sorriso meio infantil. Ela aceitou e comeu, por educação, um dos brigadeiros. Depois de acabada a saia justa, Felipe finalmente contou à Katarina porque estava vestido como o príncipe da Branca de Neve. Com muito orgulho, Felipe disse que era animador de festa infantil, príncipe de debutante e o que viesse. Era ator também, mas não tinha conseguido nada mais sério. Depois de contar todas as suas façanhas festivas, eles foram para a casa de Katarina. O príncipe ainda morava no castelo real com os pais. Eles tentaram e tentaram, mas Felipe não conseguiu embainhar a espada naquela noite.

Alguns dias se passaram e Katarina resolveu dar outra chance a Felipe. Desta vez, ele não se atrasou. Como um gentleman ela a tratou como uma princesa. Ela gostou. Felipe era tão lindo. Tão lindo que doía até. Era tão gentil que até cansava. Era tão perfeito que ela desistiu. Katarina queria um príncipe sim. Mas queria alguém que quisesse transar, mas que soubesse abraçar. Queria alguém que dissesse um simples “bom dia” ao invés de tocar “café da manhã” no violão. Ela só queria um carinho e ele queria um “felizes para sempre”. Ele era um príncipe e ela era uma princesa, mas ela era real e ele, um conto de fadas.

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