segunda-feira, 11 de abril de 2011

Plano sequência

Era uma vez uma paulista. Na verdade, Lúcia não era paulista. Ela nasceu no Rio de Janeiro no mês do desgosto. Lúcia, como diziam os mais chegados, era o bebê mais lindo do mundo e com toda razão. Parecia aqueles bebês de capa de revista, de cinema. Ela viveu no Rio até sua mãe resolver que era hora de acinzentar seu mundo. A família foi toda para Sampa. Não fosse pelos “x” no lugar dos “s”, Lúcia seria a típica paulista. Branca, olhos cor de oliva, cabelos castanhos lisos e um sorriso terno, que ela tem até hoje. Nunca foi muito de falar, apenas o necessário. Observava mais, ria de tudo e adorava bater porta quando estava com raiva. O tempo passou e a doce Lúcia já falava com todos os “esses” possíveis, saía para baladas e fazia cursinho. Ela também gostava de cinema. Acho que de todas as pessoas que já conheci, Lúcia é a que mais assistiu filmes. Ela ficaria horas vendo filmes e mais filmes. De todos os gêneros. Por um tempo ela até pensou em ser cineasta, mas a vida segue uns caminhos tão estranhos. De repente a ideia de ser médica, de repente a volta para o Rio de Janeiro e não mais do que de repente a paixão pelo cinema a trouxe de volta de vez. Um carioca indie, levemente acima do peso e simpático estava lá, esperando por ela na porta de um cinema. Durante uma madrugada inteira eles se apaixonaram, durante um filme qualquer eles começaram a escrever seu roteiro. E foi como num filme. O mocinho trouxe de volta a donzela do castelo das sombras. Eles juntaram os trapinhos, casaram e estão grávidos de um carioca. Agora eles estão tentando, entre obras, ultrassons, estresses da vida a dois e a expectativa de ser responsável por alguém, escrever a parte dois do filme.

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