Era uma vez uma paulista. Na verdade, Lúcia não era paulista. Ela nasceu no Rio de Janeiro no mês do desgosto. Lúcia, como diziam os mais chegados, era o bebê mais lindo do mundo e com toda razão. Parecia aqueles bebês de capa de revista, de cinema. Ela viveu no Rio até sua mãe resolver que era hora de acinzentar seu mundo. A família foi toda para Sampa. Não fosse pelos “x” no lugar dos “s”, Lúcia seria a típica paulista. Branca, olhos cor de oliva, cabelos castanhos lisos e um sorriso terno, que ela tem até hoje. Nunca foi muito de falar, apenas o necessário. Observava mais, ria de tudo e adorava bater porta quando estava com raiva. O tempo passou e a doce Lúcia já falava com todos os “esses” possíveis, saía para baladas e fazia cursinho. Ela também gostava de cinema. Acho que de todas as pessoas que já conheci, Lúcia é a que mais assistiu filmes. Ela ficaria horas vendo filmes e mais filmes. De todos os gêneros. Por um tempo ela até pensou em ser cineasta, mas a vida segue uns caminhos tão estranhos. De repente a ideia de ser médica, de repente a volta para o Rio de Janeiro e não mais do que de repente a paixão pelo cinema a trouxe de volta de vez. Um carioca indie, levemente acima do peso e simpático estava lá, esperando por ela na porta de um cinema. Durante uma madrugada inteira eles se apaixonaram, durante um filme qualquer eles começaram a escrever seu roteiro. E foi como num filme. O mocinho trouxe de volta a donzela do castelo das sombras. Eles juntaram os trapinhos, casaram e estão grávidos de um carioca. Agora eles estão tentando, entre obras, ultrassons, estresses da vida a dois e a expectativa de ser responsável por alguém, escrever a parte dois do filme.
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