domingo, 10 de abril de 2011

Oportunista

Era uma vez uma menina chamada Natália. A Natália era uma menina comum, não tinha grandes atrativos. Devia medir um metro e meio, era mignon, daquelas que de tão delicadas um amigo meu diria “Nossa nem conseguiria comer com medo de quebrar!”. Ela tinha um rosto simples, ovalado, sem muito brilho nos olhos, mas conseguia passar uma presença, por menor que fosse, ela conseguia ser notada. Mas tinha um “porém”. Ela não era notada por ela. Alguma coisa nela não era verdadeira, era como se cada passo, cada palavra fosse cuidadosamente planejada, friamente calculada.

Mas ela veio. Lá estava ela a tiracolo. Ele veio de longe e queria estar perto, mas ela não conseguia apesar de tentarem encaixá-la em todos os eventos. Nas festas em casa, lá estava ela. Na boate também. Ela não fazia muito, apenas se movia. Quando se movia. Reparava cada detalhe dos outros a sua volta e fazia carinhos desconcertantes nas meninas. Como se quisesse roubar alguma coisa delas por osmose, talvez. Ser observada por ela não era nada agradável, mas por educação ou medo de parecer rude, todos fingiam não se importar.

Ela caiu de pára-quedas na casa de cinco pessoas. Todas amáveis e gentis. Todas bobas. Ela queria estar entre todos, mas não conseguia. Ela faria de tudo para estar ali. Para fazer parte daquele grupo. Ela sabia o que queria e veio determinada a isso. Ela queria ficar e sabia como fazer isso. Quem a trouxe era apenas uma pessoa boa, não uma das pessoas do grupo, mas alguém tão bom quanto. Mas ele foi inocente. Ela só precisava de uma coisa dele. Não era muito. Ela só precisava de um segundo. Um milésimo de segundo da natureza. E ela conseguiu. Mas ninguém soube de nada. Quando ela partiu, o grupo ficou aliviado. Jamais seriam sugados de novo.

E então dois meses depois:

- A Natália está grávida!

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