segunda-feira, 20 de junho de 2011

About blank

Era uma vez uma cor terrível e assustadora. O Branco. Sim! O Branco! Vocês devem estar se perguntando por que o Branco seria tão assustador. E a pomba da paz? E a serenidade? E a pureza? Nada disso! Esse Branco não tem nada de bom. Ele representa o vazio, o limbo. Aquele eco que não para de repetir o silêncio do nada. Esse Branco tão vil e desprezível aparece de vez em quando na vida de uma menina que gosta de cores. De todas as cores, menos do Branco. E quem disse que ele é cor? Dizem por aí que ele tenta ser cor, que se disfarça de nuvem para se misturar ao arco-íris. Dizem até que se transforma em outras pseudocores. “Ah isso é gelo!?”, “Não, é champagne!”. Ai! Me dá até arrepios.

Voltando a nossa história... A menina que gosta de cores também gosta de letras. E ela gosta de encher de letras todo o espaço vazio que encontra pelo caminho. E essas letras se transformam em palavras que compõe histórias que enchem de cores seu mundo e de outras pessoas que gostam das suas misturas. E lá vai ela, juntando uma letra aqui, outra ali, uma pitada de cor, um borrão de azul e um pingo de amarelo, pessoas e mais pessoas e uma exclamação, quando, de repente, surge do meio do mais intenso fluxo de combinações, o Branco.

...

Silêncio total. O olhar vidrado e os olhos semicerrados tentando captar alguma coisa. Mas nada. Chega a doer. Ela fica triste. Implora para ser livre de novo e o Branco não deixa, a aprisiona no mais fundo lugar do seu vazio. Triste e cansada de tanto lutar, a menina se deixa vencer, senta-se e começa a contemplar aquele infinito desconcertante. De tanto observar o nada, ela enxerga alguma coisa. Ela desiste de lutar contra e se junta aquele silêncio. Ela se cala e espera. Ao seu lado o papel em branco apenas existe para servir de tela a toda explosão de cores, letras e sentidos que está por vir.

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